[Não se trata aqui de ensinar nada a ninguém. Sobretudo a quem sabe que, nestes saberes, há pequenas variantes locais, nas práticas e nas designações.
Trata-se apenas de sistematizar, e guardar para memória futura.]
Em Março, lançar a linhaça à terra, no velho gesto do semeador. Ranhar o solo, à sachola, duas vezes. As sementes não devem ficar fundas, porque as plantas serão arrancadas.
Arrancam-se quando as cantarinhas estiverem maduras. Ripam-se num ripanço, e recolhe-se a linhaça nova.
Enfeixa-se o linho em molhos, que são mergulhados na água, para curtir, durante 15 dias. A água pode ser parada, e quanto mais quente melhor.
Ao fim de 15 dias, leva-se uma amostra ao maçadoiro, para ver se o linho está curtido e dá bem a casca. Não dando, fica na água mais alguns dias.
Depois estende-se ao sol, para enxugar os caules. Após o que se maça, no maçadoiro.
Em seguida tasca-se no cortiço, com a espadela, para o libertar do casco. Fica a estriga de linho junto com a estopa. Os marelos são um sub-produto a rejeitar.
Depois é necessário assedá-lo, passá-lo no sedeiro, para separar o linho (mais nobre) e a estopa (mais grosseira). Daí resultam as estrigas.
Segue-se a fiação, com roca e fuso, de que resultam as maçarocas.
No sarilho fazem-se as meadas, a partir das maçarocas. Desmontando o sarilho, retiram-se as meadas, atadas pelo umbigo.
As meadas são cozidas com cinza, para branquear.
Lavadas no tanque, faz-se com as meadas uma barrela. Com cinza, sabão e água quente, para novo branqueamento.
No orgadilho (dobadoira), fazem-se os novelos.
E com eles urde-se a teia, na urdideira. Cada fio no seu dente.
Instalar a teia no tear.
Encher as canelas no caneleiro. As canelas são sucessivamente alojadas na lançadeira, espécie de naveta que transporta o fio, para um lado e outro, na teia. A perdizela é um pequeno eixo, dentro da lançadeira, que segura a canela.
Depois é só tecer, recolher as varas, e preparar o bragal.
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Quando a minha mae fiava o linho, eu roubava-lhe uns fios com os quais fazia uma bolinha que expunha às chamas da lareira e quando ja transformada em cinza, ela subia cheminé a cima, eu exclamava: quarto crescente, quarto minguante, os meus pregoes hao-de ir avante.
ResponderEliminarIsto acontecia nos anos 50. Sublime o ciclo do linho. Procuro fotos para ilustrar a canção do linho que inseri no meu blogue. Parabéns pelo vosso trabalho.
Gostei de ler. Confirmar as minhas memórias. Conservo peças que fizeram na casa de meus pais todo o ciclo. Obrigado.
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