quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Planeta-Mãe - 9

O DECLÍNIO DAS ABELHAS
(informação extraída de Dennis van Engelsdorp, pesquisador no departamento de agronomia da Pensilvânia. Foi um dos primeiros cientistas a descrever o fenómeno de decadência das colónias, chamado Colony Colapse Disorder, CCD)
A sobrevivência e a evolução de 80% das espécies vegetais do planeta, e a produção de 84% das espécies cultivadas na Europa dependem, pelo menos em parte, da polinização feita pelos insectos. 35% da tonelagem mundial de alimentos de origem vegetal provêm de culturas dependentes em parte de insectos polinizadores. Certas espécies, como as abóboras, os melões e outras cucurbitáceas, o cacau, o maracujá… dependem integralmente da acção dos insectos: o vento e a água não têm aí qualquer papel.
Em todos os países onde a mortalidade das abelhas é convenientemente acompanhada, verifica-se há vários anos uma sobre-mortalidade anual de mais de 30%. No estado actual dos estudos, pareceria que as defesas imunitárias das abelhas diminuem, tornando-as mais vulneráveis às doenças e aos acasos climáticos. Sendo provavelmente múltiplas, e não estando ainda cientificamente estabelecida nenhuma delas, não conhecemos oficialmente as causas do problema.
Nos Estados Unidos, a polinização tornou-se uma indústria. Metade dos apicultores americanos não vivem da venda do mel, mas do aluguer das suas abelhas a grandes cultivadores de legumes e frutas. Enquanto que na Europa os maiores apicultores gerem algumas centenas de colmeias, alguns americanos chegam a possuir 40 mil. Transportam-nas dum lado para outro, em função das estações e das necessidades de diversas culturas industriais: desde os laranjais da Flórida aos amendoais da Califórnia, passando pelos pomares de macieiras da Pensilvânia, e os de mirtilos do Maine.
Actuando este mercado também segundo as leis da oferta e da procura, o aluguer duma colmeia passou em poucos anos de um intervalo de 45 a 65 dólares, para valores que ultrapassam os 170 dólares. Em 2008, os produtores de pepinos da Carolina do Norte não encontraram colmeias suficientes para polinizar todas as suas culturas, tendo reduzido a sua produção em cerca de 50%. Se a taxa de sobre-mortalidade das abelhas se mantiver nos Estados Unidos, é de crer que estas situações se multipliquem nos anos futuros.
Mesmo sendo menos afectada por este déficit brutal, a tendência de fundo na Europa é a mesma. Estando a polinização menos industrializada do que nos Estados Unidos, as consequências do colapso das colmeias far-se-ão sentir de modo mais insidioso. Se certas produções registarem baixas progressivas, não é seguro que as causas dessa tendência sejam associadas ao declínio das abelhas. Quem poderá salvá-las?
Uma questão se coloca hoje: o que é que nos permite pensar que esta tendência se inverterá? Não tendo reconhecido as causas do fenómeno, não podemos tomar nenhuma medida para o remediar. Em tal caso, temos mesmo o direito de perguntar se esta sobre-mortalidade não corre o risco de se amplificar. Com que consequências? Albert Einstein já há 50 anos nos interpelava sobre as leis de interdependência entre as espécies, citando as abelhas: No dia em que a abelha desaparecer, a humanidade disporá de dois anos!

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