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As «bio» tecnologias
O prefixo bio, à frente das tecnologias, é um belo símbolo de modernidade e de progresso, não é verdade?! Os agricultores poderiam em breve ter o direito de as cultivar em França, como é já o caso de numerosos países. Entretanto importamo-las às toneladas todos os anos, especialmente sob a forma de soja, destinada ao gado. Mas o que é de facto um OGM? Afinal as plantas geneticamente modificadas são prejudiciais à saúde?
Os OGM são Organismos Geneticamente Modificados. Se hoje nada permite provar cientificamente o seu perigo para a saúde humana, nada prova também que sejam inócuos a curto, médio ou longo prazo. No estado actual dos nossos conhecimentos, teríamos mesmo razões para pensar que estas manipulações genéticas serão um dia prejudiciais ao ambiente e à nossa saúde.
Como muito bem explica Gilles Eric Séralini no seu livro “Geneticamente Incorrecto”, quanto mais avançam as pesquisas sobre o genoma, mais se descobrem fenómenos que nós não compreendemos. Daí até os dominarmos é ainda uma outra história. Um gene pode ter várias funções diferentes, segundo a parte do corpo em que se encontra, e o seu lugar na molécula do ADN. Um gene pode igualmente sofrer mutação ou mudar de função, sem que saibamos porquê e como.
O prião das vacas loucas é um exemplo deste tipo de mutação inexplicada: um gene da mielina, uma proteína constituinte do tecido nervoso, sofreu mutação provocando a degenerescência desse tecido nos animais atingidos. Por que razão o gene mutou em certos animais e não noutros? Não sabemos. Porque é que um gene é estável durante 5, 10, 15 anos… e depois pode sofrer mutação brusca, deslocar-se, mudar de função? Não sabemos. (…)
Os cancros são cada vez mais suspeitos de ter como origem uma mutação, ou mudança de função dum gene. Esta mudança explicaria o funcionamento “degenerescente” da célula cancerosa, que conduz à formação de tumores. Esta teoria parece tanto mais provável quanto ela explicaria o aumento dos cancros nos países desenvolvidos. Mas sobre isto fica uma pergunta sem resposta. As células reproduzem-se por divisão: uma célula-mãe cresce e divide-se, para dar origem a duas células-filhas idênticas à mãe. Como aparece a primeira célula cancerosa? Não sabemos. O que é que permite a uma célula sã dar origem a duas células-filhas cancerígenas? Não sabemos. É por esta razão que, dum ponto de vista estritamente científico, a origem dos cancros não é reconhecida. Esta ignorância tornou-se um argumento de defesa para os lóbis da química: o laço de causa/efeito entre a presença de produtos químicos no nosso corpo, e o desenvolvimento de doenças degenerativas não está estabelecido cientificamente. Não tendo o argumento do bom-senso mais peso científico do que jurídico, a indústria agroquímica continua a recolher biliões de benefícios… da dúvida. É esta mesma lógica que os industriais procuram impor com os OGM.
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