Promessas e boas intenções
Estas constatações podem parecer alarmistas, às pessoas que se consideram informadas ouvindo as televisões. A cada catástrofe mediatizada, as emoções suscitadas na população tornam-se um terreno de marketing propício para os políticos. Podem vender uma boa imagem de si próprios, fazendo anúncios que comoverão os cidadãos chocados ou revoltados. As promessas apenas implicam os que nelas crêem. E os crentes raramente verificam, nos anos seguintes, que as boas intenções se transformaram em actos concretos. Um ano depois dos “motins da fome”, menos de 10% das promessas foram cumpridas. (…)
Em 2005, depois dos motins nos arrabaldes franceses, a estigmatização destas populações de excluídos transformou-se em compaixão. Surpreendidos pela amplitude dos acontecimentos, os media e certos espectadores procuraram conhecer as causas profundas duma tal explosão de cólera. As reportagens sobre as condições de vida nas cidades, os testemunhos sobre o sentimento de exclusão e marginalização, a ausência dum futuro credível para esta juventude condenada ao desemprego, acabaram por tocar os tele-espectadores.
O ministro do interior da época anunciou perante as câmaras um “plano Marshall para os arrabaldes”. Quem verificou o que aconteceu depois? Quando o orçamento da habitação foi o primeiro a sofrer cortes importantes em 2008, enquanto o da Defesa se mantinha e o do Eliseu galopava?
Toda esta ingenuidade crédula, esta necessidade de argumentos de boa consciência contrariados pelos acontecimentos… fazem certamente parte integrante das causas que explicam a nossa incapacidade de pôr em prática verdadeiras mudanças. (…) As nossas pequenas cabeças são formatadas para sonhar com a “Glória, Riqueza e Beleza”, e não para um regresso à terra, para uma felicidade na simplicidade, e um modo de vida em harmonia com a natureza.
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