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O macho alimentou a fêmea, apresentou-se como companheiro e a fêmea aceitou-o. E assim começou o jogo nupcial. Nenhum deles mostrara qualquer excitação exterior, qualquer alegria exibicionista. O macho deu o caracol à fêmea, esta recebeu-o, o casamento estava selado.
Agora cada um procurava alimento para si próprio, sem prestarem atenção um ao outro, embora se mantivessem próximos. E, como nunca antes, o macho sentia-se atraído pelo montão de pedras, junto à curva do rio, na tundra distante.
Quando chegou o crepúsculo levantou voo, circulou sobre a fêmea e chamou-a. Ela lançou-se para o ar, e juntos voaram para o interior, sobre as elevações que bordejavam a costa. Depois do escurecer poisaram numa encosta coberta de ervas e dormiram um junto do outro, os pescoços quase se tocando. O macho sentia-se renascer, uma outra vida tinha começado.
Ao romper do dia regressaram à praia. Depois voaram mais rapidamente para norte, cerca de quinze quilómetros em cada etapa. De vez em quando faziam pausas para comer, mas a tundra chamava cada vez mais fortemente. Cada dia que passava voavam mais longe e comiam menos do que na véspera.
No princípio de Fevereiro estavam já a 1600 quilómetros do ponto de partida. E como sempre, na sua viagem para norte, paravam nos charcos à beira-mar. Era primavera, e as gónadas produziam cada vez mais hormonas sexuais, que lentamente faziam crescer a sua excitação. Muitas vezes o macho interrompia bruscamente a busca de alimento, e pavoneava-se em frente da fêmea como um galo de combate, com a plumagem do pescoço tufada e as penas da cauda emplumadas em leque sobre o dorso. Aí a fêmea inclinava-se com as asas frementes, e pedia comida como se fosse um pintaínho. O macho oferecia-lhe um petisco, os seus bicos tocavam-se, e com isso terminava o jogo nupcial.
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