quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Planeta-Mãe - 29

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CAMPOS DE BATALHA DESLOCALIZADOS
Numerosos produtos fito-sanitários (um nome politicamente correcto) foram reconhecidos como perigosos para a saúde humana. Alguns foram proibidos… em certos países. Só em certos países!
As nossa culturas mais poluentes e mais perigosas para a saúde foram progressivamente deslocalizadas para países mais permissivos. Além das doenças que favorecem, os produtos agro-tóxicos provocam a morte de mais de 30 mil pessoas por ano no mundo. As populações mais afectadas são as dos países mais pobres, não protegidos por normas sanitárias e ambientais. E no fim da cadeia alimentar nós encontramos estes produtos no prato através do cacau, o café, as bananas, o ananás, a carne, etc. O DDT, por exemplo, proibido há mais de 30 anos, foi encontrado no sangue dos nossos ministros europeus do ambiente. O DDT continua a ser utilizado em numerosos países pobres, que produzem o que nós comemos. Perante a sua proibição, certas multinacionais deslocalizaram a produção de substâncias proibidas nesses mesmos países, contentando-se com a mudança da designação comercial. Desprotegidos pelos seus governos, mantidos na ignorância pelas empresas que procuram os seus lucros, a maior parte dos camponeses pobres nem imaginam aquilo com que estão confrontados.
Depois da eleição de G.W.Bush, a empresa Monsanto fez votar uma lei autorizando a exportação para outros países de produtos proibidos em território americano. Esta autorização inclui produtos que revelaram “comprovada perigosidade para a saúde humana”. Monsanto participou activamente no financiamento da campanha de Bush e tinha no seu conselho de administração membros do governo americano.
Syngenta, um concorrente suíço da Monsanto, fabrica e comercializa há anos um produto altamente tóxico chamado Paraquat. Nunca foi autorizado em território suíço, pela sua comprovada perigosidade para a saúde humana. Foi proibido em numerosos países mas aceite noutros, como em França, contra a opinião das autoridades sanitárias da época. Porque a sua eficácia contra certas doenças da vinha e da fruta podia constituir uma vantagem concorrencial para os produtores. Inversamente, privar-se dele era correr o risco de ser menos produtivo.
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