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A RURBANIZAÇÃO
Em França todos os anos 60 mil hectares de terras agrícolas são sacrificados à “artificialização”. Em 2003, as zonas artificiais já cobriam 8% do território, contra 7% anteriormente. Além do ordenamento do território sob a forma de estradas, autovias e parkings, além das zonas comerciais e industriais da periferia das cidades, os loteamentos “rurbanos” são os principais responsáveis por este desaparecimento.
Os “rurbanos” são na maior parte antigos citadinos que fugiram à poluição, ao barulho, ao stress, ao confinamento, à promiscuidade, à insegurança, ou simplesmente à subida de preços do imobiliário. Embora tenham decidido viver no campo, conservam muitas vezes um modo de vida citadino. Normalmente constroem grandes casas em pequenos terrenos. Estas casas individuais albergam pouca gente, fazendo aumentar as necessidades energéticas por habitante. Que dizer destas construções, quando a sua vocação se limita à de residências secundárias?
Conservando o trabalho na cidade, os “rurbanos” percorrem muitas vezes grandes distâncias para chegar ao trabalho, levar os filhos à escola, ir às compras, etc. Este modo de vida não deixa muito tempo para dedicar à jardinagem.
Não tendo tempo, nem disposição, nem competência, ou nem a simples ideia, a maior parte dos “rurbanos” não cultivam legumes. Cultivam relva. Alguns ensaiam alguns pés de tomate ou plantas aromáticas, mas estamos muito longe das hortas dos nossos avós. Na falta das suas próprias colheitas, a maior parte dos “rurbanos” consome alimentos dos circuitos da grande distribuição. Além dos métodos de cultura industriais donde saíram, os seus alimentos percorrem milhares de quilómetros antes de lhes chegarem ao prato. No seu tempo apressado e comprimido, como é que eles poderiam ir ao mercado, ou dirigir-se ao pequeno produtor local? Com o crédito da casa e das viaturas a pagar, com as férias e os passatempos para financiar, como é que poderiam pagar produtos “bio”?
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