terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Planeta-Mãe - 33

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A OMC
A Organização Mundial do Comércio é a vitrina política das multinacionais e do mundo dos negócios. O seu papel é defender as regras do comércio mundial, particularmente as da livre troca. A OMC negocia essencialmente com os estados, para que eles ponham as suas leis em conformidade com as regras do comércio mundial. A organização verifica depois se estas leis são aplicadas nos territórios nacionais. Caso contrário pode impor sanções ao estado infractor.
A França paga todos os anos uma multa à OMC, por desrespeito da lei da livre-troca: continuamos a recusar a carne com hormonas proveniente da América, enquanto não for estabelecida prova científica de perigo para a saúde humana. Esta multa é proporcional à perda de mercado estimada, e o seu montante é entregue às sociedades americanas atingidas por esta perda de mercado. Elas são indemnizadas a título de “prejuízo por lucros potenciais não realizados”. Quantos franceses sabem que uma parte dos seus impostos serve para pagar este tipo de coimas?
É a OMC que pressiona as instâncias europeias para que as regras do livre cultivo dos OGM em campo aberto sejam aplicadas pelos estados membros. Pelas mesmas razões da carne com hormonas, expomo-nos a multas por atentado às regras de livre-troca. De facto, só podemos obter uma moratória sobre os OGM, se dispusermos dum argumento científico irrefutável. Neste debate, a margem de manobra dos políticos é ínfima. O lóbi da Monsanto fez ondas nas fileiras do parlamento. Deve igualmente precisar-se que o actual vice-presidente da OMC não é senão o antigo responsável pelo mercado europeu na Monsanto. (…)
Quando a General Motors entra em falência, fica ameaçado de desaparecimento um utensílio que serve para produzir viaturas enormes. Mas se falir um gigante agro-alimentar, o que fica ameaçado é um utensílio que produz grandes quantidades de alimentos. Já na primavera de 2009 muitos economistas julgaram ultrapassados os limites de intervenção dos estados, e assim os gigantescos salvamentos da economia não poderão multiplicar-se eternamente. Num cenário de bancarrota generalizada, as prateleiras dos supermercados esvaziar-se-ão rapidamente. (…)

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