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Ao mesmo tempo, as águas profundas vêm sendo cada vez mais bombeadas. O consumo de água tem aumentado fortemente, não só nos lares domésticos ou na indústria, mas sobretudo na agricultura. Esse consumo reparte-se do modo seguinte: 10% para o consumo doméstico, 20% para a indústria e 70% para a agricultura. Os lares domésticos têm a sua quota-parte de responsabilidade nesta situação: ela é consequência da evolução do nosso regime alimentar nas últimas décadas.
Símbolo de riqueza e de opulência, o consumo de carne e lacticínios aumentou fortemente. Embalada pela euforia e pelas ilusões dos “trinta anos gloriosos”, a revolução industrial quis tornar acessível às grandes massas o mito de “comer carne todos os dias”. Para isso impuseram-se aos criadores novas exigências: rapidez, produtividade e rentabilidade. Estas exigências não eram compatíveis com a engorda tradicional dos animais no prado. Tal como as culturas, os métodos de criação tornaram-se industriais. Assim surgiram as criações em estábulo. Mais de 90% da carne hoje produzida em França, saiu deste tipo de criações.
Para acelerar a engorda destes animais aprisionados, as culturas de plantas proteaginosas tornaram-se prioritárias. Na sua maior parte, não estão adaptadas ao nosso clima e solos. O milho, por exemplo, é originalmente uma planta subtropical que gosta de calor, um solo rico e água em abundância. Nas nossas latitudes, estas culturas são delicadas e necessitam de numerosos tratamentos químicos. Para ajudar os agricultores a fazer face aos elevados custos de produção, estas culturas foram subvencionadas. Sem isso, elas não seriam rentáveis. Actualmente, 70% das colheitas cerealíferas dos países desenvolvidos servem para alimentar o gado. Estas culturas são também as grandes consumidoras de água.
Para fazer face ao sério aumento das suas necessidades em água, os agricultores tornaram-se profissionais da bombagem. Instalaram redes de irrigação, alimentadas por potentes bombas, que extraem a água directamente dos lençóis freáticos. Irrigam-se profusamente os campos que foram drenados. E a água assim utilizada tem o mesmo destino das águas da chuva: escorre rapidamente até ao oceano. E como estas irrigações são feitas muitas vezes em pleno Verão, sem protecção do solo, uma parte evapora-se rapidamente. Há uma fuga no nosso consumo de água, uma fuga para a frente.
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