A 7 e 8 de Agosto, terá lugar em S. Pedro do Rio Seco o 1º Congresso da Rio Vivo.
Em antecipação ao programa detalhado, a divulgar oportunamente, do congresso farão parte:
- oito palestras sobre temas como "comunidades de transição", história local, tradições populares locais, fauna e flora local, a solidariedade social em comunidades envelhecidas, a agricultura moderna intensiva e a questão alimentar, o primeiro prémio Riba-Côa, o mundo em mudança;
- percurso BTT na manhã do dia 8;
- passeio pedestre simultâneo;
- torneio do jogo do ferro, com prémios para jovens, adultos e seniores;
- exposição de fotografia antiga;
- sardinhada com animação musical no sábado à noite;
- sessão de encerramento pelas 17 horas de domingo, com breve actuação do Coro de Almeida.
- almoço no dia 8, domingo, mediante inscrição e custo de 10 Euros. ( O almoço do dia 7, sábado, é volante e gracioso).
Por forma a facilitar toda a preparação logística, o primeiro e mais urgente gesto dos sócios, dos amigos e demais interessados no evento, é a inscrição como participante no Congresso. Deverá indicar-se nome, morada, telefone, endereço e-mail e inscrição no almoço de domingo, se pretendida.
Isso poderá ser feito para qualquer dos seguintes endereços e-mail:
a.rio.vivo@gmail.com
jcarvalheira@netcabo.pt
jorgcarvalheira@netcabo.pt
j_s_carvalheira@hotmail.com
segunda-feira, 28 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
Hora do folhetim - 29
(...)
Na Patagónia já não havia solo fértil, como nas Pampas. O terreno era composto sobretudo de saibro e cascalho, misturado com rochas vulcânicas de pontas aguçadas. A vegetação era diminuta, e o sol mordente do verão tinha tingido de castanho as escassas manchas de capim e de cardos. As tarambolas abandonaram esta região inóspita e voaram para leste, à procura dos charcos da costa, frescos e cheios de alimento.
Aqui verifica-se um dos maiores desníveis de maré do mundo, e por isso, na maré baixa, quilómetros de solo ficam a descoberto. Duas vezes por dia o mar arroja para terra todo o tipo de despojos. Alimento nunca falta, e enormes bandos procuram estes baixios. A maior parte são tarambolas-douradas, mas também há pernas-amarelas, com os seus torsos luminosamente claros. As galinholas e os pequenos pilritos evitam, pressurosos, a rebentação, como se tivessem medo de molhar os pés.
O maçaricão vagueava de bando em bando, procurava incansavelmente, sem saber exactamente o quê. Com o seu longo bico encurvado e a grande envergadura de asas, sobressaía claramente entre os milhares de pequenas narcejas.
Janeiro chegara, e a longínqua tundra canadiana, a catorze mil e quinhentos quilómetros de distância, seria ainda durante alguns meses a adormecida terra fria das tempestades de neve e das noites sem fim. Mas o maçaricão sentia já o chamamento do Árctico, uma suave emoção interior, um sinal. As suas gónadas em breve começariam a produzir hormonas, um novo ciclo anual aproximava-se. A princípio era quase imperceptível, mas o processo foi-se tornando lentamente mais forte. Era um sentimento que se distinguia do impulso migratório do outono. Partir para o sul tinha sido uma vaga impaciência, sem fim definido. Mas agora só o objectivo contava. A migração era um fenómeno acidental e acessório. O que ele sentia era essencialmente a ânsia, a saudade de casa. Conhecia perfeitamente o destino, não só o Árctico e a tundra, mas o amontoado de cascalho, à beira da curva do rio. Aí havia de chegar também a fêmea, aí havia de ser o ninho.
(...)
Na Patagónia já não havia solo fértil, como nas Pampas. O terreno era composto sobretudo de saibro e cascalho, misturado com rochas vulcânicas de pontas aguçadas. A vegetação era diminuta, e o sol mordente do verão tinha tingido de castanho as escassas manchas de capim e de cardos. As tarambolas abandonaram esta região inóspita e voaram para leste, à procura dos charcos da costa, frescos e cheios de alimento.
Aqui verifica-se um dos maiores desníveis de maré do mundo, e por isso, na maré baixa, quilómetros de solo ficam a descoberto. Duas vezes por dia o mar arroja para terra todo o tipo de despojos. Alimento nunca falta, e enormes bandos procuram estes baixios. A maior parte são tarambolas-douradas, mas também há pernas-amarelas, com os seus torsos luminosamente claros. As galinholas e os pequenos pilritos evitam, pressurosos, a rebentação, como se tivessem medo de molhar os pés.
O maçaricão vagueava de bando em bando, procurava incansavelmente, sem saber exactamente o quê. Com o seu longo bico encurvado e a grande envergadura de asas, sobressaía claramente entre os milhares de pequenas narcejas.
Janeiro chegara, e a longínqua tundra canadiana, a catorze mil e quinhentos quilómetros de distância, seria ainda durante alguns meses a adormecida terra fria das tempestades de neve e das noites sem fim. Mas o maçaricão sentia já o chamamento do Árctico, uma suave emoção interior, um sinal. As suas gónadas em breve começariam a produzir hormonas, um novo ciclo anual aproximava-se. A princípio era quase imperceptível, mas o processo foi-se tornando lentamente mais forte. Era um sentimento que se distinguia do impulso migratório do outono. Partir para o sul tinha sido uma vaga impaciência, sem fim definido. Mas agora só o objectivo contava. A migração era um fenómeno acidental e acessório. O que ele sentia era essencialmente a ânsia, a saudade de casa. Conhecia perfeitamente o destino, não só o Árctico e a tundra, mas o amontoado de cascalho, à beira da curva do rio. Aí havia de chegar também a fêmea, aí havia de ser o ninho.
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American way of life
Planeta-Mãe - 19
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OS AGRO-COMBUSTÍVEIS
São combustíveis líquidos cuja primeira geração é fabricada a partir da colza, do trigo, do milho e da cana de açúcar, e em medida menor de óleos de cozinha e outras gorduras. Misturados à gasolina e ao gasóleo, permitem reduzir o consumo de petróleo.
A segunda geração de agro-combustíveis… não existe. Só existem hipóteses por confirmar, o que levará muitos anos. Entretanto tais hipóteses permitem amortizar os biliões investidos precipitadamente na construção de fábricas de “carburantes verdes” e de “bio-etanol”.
Seja qual for a sua geração, os agro-combustíveis são extraídos de vegetais cultivados em terras agrícolas. Isto quando um bilião de pessoas padece de fome e mal-nutrição.
O Brasil já consagra 15% da superfície cultivada à produção industrial de etanol com base na cana de açúcar. Estão em curso vários projectos de extensão desta actividade, havendo ainda disponíveis milhões de hectares cobertos de floresta. A procura mundial faz desta cultura um mercado prometedor.
Em Janeiro de 2007, Bush manifestou o desejo de que estes combustíveis representassem 15% do consumo de carburantes nos Estados Unidos até 2012. Quantos milhões de hectares de terra arável é que isso significa, tendo em conta o volume de petróleo consumido anualmente pelos americanos? Para encher o depósito duma viatura 4X4 com etanol puro, são precisos mais de 200 Kg de milho, ou seja, calorias bastantes para alimentar uma pessoa durante um ano.
A França tem como objectivo atingir os 10% até à mesma data. Porquê? Para respeitar a nossa quota de emissões de CO2. Porque é preciso ter boas razões, aos olhos da opinião pública, para poder ser ignóbil. A ecologia é o tapa-buracos do marketing político.
Ficam por encontrar os milhões de hectares de terras aráveis necessárias a essa cultura, num contexto em que as superfícies férteis se reduzem. As multinacionais preparam-se para comprar milhões de hectares de floresta primária no Brasil e na Indonésia, para plantar cana de açúcar e palma, cuja produção se tornará combustível. Mas tendo em conta a dependência energética da agricultura e dos processos industriais necessários para transformar os cereais em carburante, é preciso o equivalente energético de 1,2 a 1,5 litros de petróleo, para produzir um litro de bio-etanol.
E quanto às suas necessidades de água? Seca e poluição dos lençóis freáticos, erosão dos solos, alterações climáticas… todos os fenómenos já descritos não podem senão acelerar e amplificar-se.
Segundo um estudo do Banco Mundial, entre 2002 e 2008, a produção e utilização de agro-carburantes contribuíram para o aumento de 75% do preço dos produtos alimentares. Até então, o governo americano afirmava que eles não contribuíam com mais de 3%.
Os alimentos e a água serão em breve mais caros e mais raros do que o ouro negro. E se deixássemos a viatura na garagem e cultivássemos uma horta?
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OS AGRO-COMBUSTÍVEIS
São combustíveis líquidos cuja primeira geração é fabricada a partir da colza, do trigo, do milho e da cana de açúcar, e em medida menor de óleos de cozinha e outras gorduras. Misturados à gasolina e ao gasóleo, permitem reduzir o consumo de petróleo.
A segunda geração de agro-combustíveis… não existe. Só existem hipóteses por confirmar, o que levará muitos anos. Entretanto tais hipóteses permitem amortizar os biliões investidos precipitadamente na construção de fábricas de “carburantes verdes” e de “bio-etanol”.
Seja qual for a sua geração, os agro-combustíveis são extraídos de vegetais cultivados em terras agrícolas. Isto quando um bilião de pessoas padece de fome e mal-nutrição.
O Brasil já consagra 15% da superfície cultivada à produção industrial de etanol com base na cana de açúcar. Estão em curso vários projectos de extensão desta actividade, havendo ainda disponíveis milhões de hectares cobertos de floresta. A procura mundial faz desta cultura um mercado prometedor.
Em Janeiro de 2007, Bush manifestou o desejo de que estes combustíveis representassem 15% do consumo de carburantes nos Estados Unidos até 2012. Quantos milhões de hectares de terra arável é que isso significa, tendo em conta o volume de petróleo consumido anualmente pelos americanos? Para encher o depósito duma viatura 4X4 com etanol puro, são precisos mais de 200 Kg de milho, ou seja, calorias bastantes para alimentar uma pessoa durante um ano.
A França tem como objectivo atingir os 10% até à mesma data. Porquê? Para respeitar a nossa quota de emissões de CO2. Porque é preciso ter boas razões, aos olhos da opinião pública, para poder ser ignóbil. A ecologia é o tapa-buracos do marketing político.
Ficam por encontrar os milhões de hectares de terras aráveis necessárias a essa cultura, num contexto em que as superfícies férteis se reduzem. As multinacionais preparam-se para comprar milhões de hectares de floresta primária no Brasil e na Indonésia, para plantar cana de açúcar e palma, cuja produção se tornará combustível. Mas tendo em conta a dependência energética da agricultura e dos processos industriais necessários para transformar os cereais em carburante, é preciso o equivalente energético de 1,2 a 1,5 litros de petróleo, para produzir um litro de bio-etanol.
E quanto às suas necessidades de água? Seca e poluição dos lençóis freáticos, erosão dos solos, alterações climáticas… todos os fenómenos já descritos não podem senão acelerar e amplificar-se.
Segundo um estudo do Banco Mundial, entre 2002 e 2008, a produção e utilização de agro-carburantes contribuíram para o aumento de 75% do preço dos produtos alimentares. Até então, o governo americano afirmava que eles não contribuíam com mais de 3%.
Os alimentos e a água serão em breve mais caros e mais raros do que o ouro negro. E se deixássemos a viatura na garagem e cultivássemos uma horta?
(...)
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Um mundo feito à mão-18
Na Cabreira do Côa, fui dar com os companheiros da ASTA a festejar o S. João e a saltar a fogueira de rosmaninho. E dei comigo a pensar que vida seria a deles, se a ASTA não existisse. Se não houvesse este mundo feito à mão.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Hora do folhetim - 28
(...)
Assim foram avançando para sul. Quando o sol quente de Dezembro secou os cardos, e a erva das Pampas ficou da cor da prata devido à quantidade de flores que baloiçavam, ligeiras, ao vento, eles encontravam-se já nas planuras ondulantes da Patagónia, a uma noite de voo dos mares da Antárctida. Com uma força hercúlea, o instinto migratório tinha-os empurrado desde o longínquo norte até ao lugar mais a sul do continente americano. E também aqui havia grandes bandos de narcejas. De todos os animais da terra, só a andorinha-do-mar-árctica, voando distâncias semelhantes, pode contemplar tanta luz e tanto sol como as narcejas. Ano após ano, elas correm acima e abaixo, entre as terras do sol da meia-noite, quase de polo a polo.
Durante cinco meses um impulso insaciável tinha espicaçado o maçaricão e as tarambolas. Temporariamente enfraquecera, sem nunca ter desaparecido. Mas agora morria. Uma estranha letargia apoderava-se das tarambolas. Bastava-lhes alternar entre duas lagoas salgadas. Comiam, devaneavam, flanavam sem gosto por ali, como actores que se haviam esquecido do texto e esperavam por uma deixa, por um impulso instintivo que lhes dissesse o que deviam fazer.
O próprio maçaricão estava livre da pressão do impulso migratório. E no entanto atormentava-o um desassossego, uma antiga e indizível fome, uma velha solidão. Ocorreu-lhe de súbito que estava sozinho, num mundo onde não tinha companheiros de espécie. Tentou levar as tarambolas a continuar a migração, mas elas não o seguiram. Finalmente não pôde mais controlar a inquietude. Elevou-se no ar e alargou os seus círculos sobre a lagoa onde as tarambolas esgaravatavam alimento. Chamou-as repetidamente em altos gritos, mas elas não responderam. Então o maçaricão tomou a direcção do leste, lá onde estava o mar, bem o sabia, à distância de muitas horas de voo. Estava de novo em viagem, e sozinho.
(...)
Assim foram avançando para sul. Quando o sol quente de Dezembro secou os cardos, e a erva das Pampas ficou da cor da prata devido à quantidade de flores que baloiçavam, ligeiras, ao vento, eles encontravam-se já nas planuras ondulantes da Patagónia, a uma noite de voo dos mares da Antárctida. Com uma força hercúlea, o instinto migratório tinha-os empurrado desde o longínquo norte até ao lugar mais a sul do continente americano. E também aqui havia grandes bandos de narcejas. De todos os animais da terra, só a andorinha-do-mar-árctica, voando distâncias semelhantes, pode contemplar tanta luz e tanto sol como as narcejas. Ano após ano, elas correm acima e abaixo, entre as terras do sol da meia-noite, quase de polo a polo.
Durante cinco meses um impulso insaciável tinha espicaçado o maçaricão e as tarambolas. Temporariamente enfraquecera, sem nunca ter desaparecido. Mas agora morria. Uma estranha letargia apoderava-se das tarambolas. Bastava-lhes alternar entre duas lagoas salgadas. Comiam, devaneavam, flanavam sem gosto por ali, como actores que se haviam esquecido do texto e esperavam por uma deixa, por um impulso instintivo que lhes dissesse o que deviam fazer.
O próprio maçaricão estava livre da pressão do impulso migratório. E no entanto atormentava-o um desassossego, uma antiga e indizível fome, uma velha solidão. Ocorreu-lhe de súbito que estava sozinho, num mundo onde não tinha companheiros de espécie. Tentou levar as tarambolas a continuar a migração, mas elas não o seguiram. Finalmente não pôde mais controlar a inquietude. Elevou-se no ar e alargou os seus círculos sobre a lagoa onde as tarambolas esgaravatavam alimento. Chamou-as repetidamente em altos gritos, mas elas não responderam. Então o maçaricão tomou a direcção do leste, lá onde estava o mar, bem o sabia, à distância de muitas horas de voo. Estava de novo em viagem, e sozinho.
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Planeta-Mãe - 18
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A DOENÇA DAS VACAS LOUCAS
A Europa e a França são há muito tempo deficitárias na produção de cereais proteaginosos, embora estas plantas ricas em proteínas permitam uma engorda rápida dos animais. Mesmo fortemente subsidiadas e cobrindo 70% da superfície agrícola, as colheitas não bastam para cobrir as necessidades das criações intensivas de gado.
De facto nós nunca tivemos meios para comer carne como comemos. Durante anos alimentámos o gado com farinhas animais saídas do açougue. E foi preciso que as vacas ficassem loucas para darmos conta de que elas se tinham tornado carnívoras. Foi preciso o escândalo do frango com dioxinas, para descobrirmos que dávamos aos frangos a comer fosse o que fosse, incluindo lamas residuais da estação de tratamento.
Estas contrariedades obrigaram os produtores a voltarem-se para o mercado de cereais, fazendo aumentar a procura. Aumentaram as importações de forragem animal, 60% das quais provêm de países em vias de desenvolvimento. Pomos as suas populações pobres a cultivar soja, milho ou colza, destinados a engordar o nosso gado. Mas a maior parte delas continua a sofrer a fome e a malnutrição.
Outro escândalo ligado a estas importações é o facto de que elas introduziram os Organismos Geneticamente Manipulados na alimentação dos animais, já que 60% da soja cultivada mundialmente é geneticamente modificada. Os OGM são proibidos em França, mas não a sua importação, nem a utilização nas criações. No próximo escândalo sanitário, os franceses ficarão a saber que alguns animais que eles devoram são há anos alimentados com OGM.
Mas além destas culturas destinadas a encher a pança dos nossos animais, agora desenvolvemos culturas destinadas a encher… os depósitos das nossas viaturas.
(...)
A DOENÇA DAS VACAS LOUCAS
A Europa e a França são há muito tempo deficitárias na produção de cereais proteaginosos, embora estas plantas ricas em proteínas permitam uma engorda rápida dos animais. Mesmo fortemente subsidiadas e cobrindo 70% da superfície agrícola, as colheitas não bastam para cobrir as necessidades das criações intensivas de gado.
De facto nós nunca tivemos meios para comer carne como comemos. Durante anos alimentámos o gado com farinhas animais saídas do açougue. E foi preciso que as vacas ficassem loucas para darmos conta de que elas se tinham tornado carnívoras. Foi preciso o escândalo do frango com dioxinas, para descobrirmos que dávamos aos frangos a comer fosse o que fosse, incluindo lamas residuais da estação de tratamento.
Estas contrariedades obrigaram os produtores a voltarem-se para o mercado de cereais, fazendo aumentar a procura. Aumentaram as importações de forragem animal, 60% das quais provêm de países em vias de desenvolvimento. Pomos as suas populações pobres a cultivar soja, milho ou colza, destinados a engordar o nosso gado. Mas a maior parte delas continua a sofrer a fome e a malnutrição.
Outro escândalo ligado a estas importações é o facto de que elas introduziram os Organismos Geneticamente Manipulados na alimentação dos animais, já que 60% da soja cultivada mundialmente é geneticamente modificada. Os OGM são proibidos em França, mas não a sua importação, nem a utilização nas criações. No próximo escândalo sanitário, os franceses ficarão a saber que alguns animais que eles devoram são há anos alimentados com OGM.
Mas além destas culturas destinadas a encher a pança dos nossos animais, agora desenvolvemos culturas destinadas a encher… os depósitos das nossas viaturas.
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segunda-feira, 14 de junho de 2010
O grito
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Hora do folhetim - 27
(...)
No princípio de Outubro, numa noite clara de luar, levantaram voo e seguiram um vale afluente do Orinoco, até ele se perder nas montanhas que separam as bacias hidrográficas do Orinoco e do Amazonas. Então desceram um pouco e sobrevoaram um afluente do Amazonas. Seguiram a estreita fita de água para sul, e tinham atingido o poderoso rio quando a manhã chegou. Deste lado do equador, os ventos alísios sopram de noroeste para sueste. Para ter vento de lado, o bando seguiu, durante a noite, a direcção de sudoeste, em vez de se dirigir directamente para sul. Voaram 800 quilómetros, e ao romper do dia tinham à vista os Andes peruanos, com os seus cumes cobertos de neve. Na orla sul da zona dos alísios o vento soprava de leste, e nas três noites seguintes dirigiram-se para sueste. Quando chegou a quinta manhã, as aves estavam de novo magras e cansadas. Poisaram nas Pampas argentinas, quatro mil quilómetros a sul dos Llanos da Venezuela.
A primavera tornara verdes o capim e os cardos gigantes, e havia enxames de gafanhotos. As aves comeram durante todo o dia, alimentando-se dos insectos nas ervas rasteiras. Por vezes procuravam zonas mais fundas, onde o chão era pantanoso e o capim crescia mais forte. Aqui viviam insectos aquáticos, que enriqueciam a alimentação, tornando-a variada. As aves prosseguiam caminho frequentemente, sem nunca fazerem longas etapas. As suas rémiges estafadas tinham caído, dando lugar a outras novas. E em breve as asas ganharam de novo a sua antiga força.
Estavam agora a quase treze mil quilómetros de distância dos locais de nidificação no Árctico. Para além delas, só os pernas-amarelas, pilritos-dos-prados e muito poucas aves tinham empreendido tão longa viagem. No entanto o impulso migratório continuava a empurrar o maçaricão e as tarambolas para sul. Nas noites claras, quando fortes ventos de oeste varriam as pampas, criando boas condições de voo com vento lateral, o bando atacava de novo os ares. Horas depois estavam duzentos, trezentos quilómetros mais a sul, e, por um momento, acalmava a sua inquietação. O maçaricão conduziu o bando até ao cimo de uma colina enluarada. As tarambolas seguiram-no e esperaram aqui pela manhã.
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No princípio de Outubro, numa noite clara de luar, levantaram voo e seguiram um vale afluente do Orinoco, até ele se perder nas montanhas que separam as bacias hidrográficas do Orinoco e do Amazonas. Então desceram um pouco e sobrevoaram um afluente do Amazonas. Seguiram a estreita fita de água para sul, e tinham atingido o poderoso rio quando a manhã chegou. Deste lado do equador, os ventos alísios sopram de noroeste para sueste. Para ter vento de lado, o bando seguiu, durante a noite, a direcção de sudoeste, em vez de se dirigir directamente para sul. Voaram 800 quilómetros, e ao romper do dia tinham à vista os Andes peruanos, com os seus cumes cobertos de neve. Na orla sul da zona dos alísios o vento soprava de leste, e nas três noites seguintes dirigiram-se para sueste. Quando chegou a quinta manhã, as aves estavam de novo magras e cansadas. Poisaram nas Pampas argentinas, quatro mil quilómetros a sul dos Llanos da Venezuela.
A primavera tornara verdes o capim e os cardos gigantes, e havia enxames de gafanhotos. As aves comeram durante todo o dia, alimentando-se dos insectos nas ervas rasteiras. Por vezes procuravam zonas mais fundas, onde o chão era pantanoso e o capim crescia mais forte. Aqui viviam insectos aquáticos, que enriqueciam a alimentação, tornando-a variada. As aves prosseguiam caminho frequentemente, sem nunca fazerem longas etapas. As suas rémiges estafadas tinham caído, dando lugar a outras novas. E em breve as asas ganharam de novo a sua antiga força.
Estavam agora a quase treze mil quilómetros de distância dos locais de nidificação no Árctico. Para além delas, só os pernas-amarelas, pilritos-dos-prados e muito poucas aves tinham empreendido tão longa viagem. No entanto o impulso migratório continuava a empurrar o maçaricão e as tarambolas para sul. Nas noites claras, quando fortes ventos de oeste varriam as pampas, criando boas condições de voo com vento lateral, o bando atacava de novo os ares. Horas depois estavam duzentos, trezentos quilómetros mais a sul, e, por um momento, acalmava a sua inquietação. O maçaricão conduziu o bando até ao cimo de uma colina enluarada. As tarambolas seguiram-no e esperaram aqui pela manhã.
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quarta-feira, 9 de junho de 2010
Planeta-Mãe - 17
A MUDANÇA DOS COMPORTAMENTOS ALIMENTARES
À medida que o nível de vida aumenta, cresce o consumo de produtos de origem animal, como a carne e os lacticínios, em detrimento dos produtos vegetais. Em numerosos países emergentes, os comportamentos alimentares ocidentalizaram-se fortemente nas últimas décadas.
Por exemplo, na China, onde cerca de 300 milhões de pessoas vivem hoje segundo o nosso modo de vida, a quota de proteínas animais no consumo total de proteínas alimentares passou de 12% (1969-1971) a 39% (2001-2003). Em França, esta quota é de 65% (2001-2003).
O consumo regular de carne é visto há muito tempo como um símbolo de riqueza. E a carne é um produto de luxo. Um luxo económico. Um luxo ecológico. Em períodos difíceis, é o primeiro alimento a tornar-se raro. Torna-se um privilégio dos ricos. Foi assim nos anos 30, depois da depressão de 1929, e depois durante a 2ª Guerra Mundial. Não admira que, na euforia do pós-guerra e dos 30 anos gloriosos, o simbolismo de “comer carne todos os dias” tenha tomado tanta importância.
As criações em estábulo e as subvenções agrícolas permitiram criar a ilusão da “carne barata”. Mas se os animais tivessem sido criados em boas condições, e se a produção da sua alimentação não tivesse sido subsidiada, os preços da carne seriam bem outros. Donde vem o dinheiro das subvenções? Dos impostos!
Os camponeses que há 50 anos criavam o seu próprio gado não precisavam de conhecer os números que se seguem, para saber que comer carne todos os dias era um luxo. Vendo a quantidade de alimento que era preciso dar a um frango durante seis meses, para o ver ser comido por 4 pessoas numa refeição, eles sabiam muito bem que, para alimentar a sua família, era melhor comer pão do que engordar frangos. E tratando-se dum porco ou duma vaca…
- A carne fornecida por uma vaca representa 1.500 refeições. Os cereais que ela comeu representariam 18.000.
- 40% das colheitas alimentares mundiais destinam-se à alimentação do gado. 70% da superfície cultivada nos países desenvolvidos destina-se à alimentação animal.
- Num hectare utilizado para produzir 50 Kg de carne bovina, poderiam ser produzidas 4 toneladas de maçãs, 8 de batatas, 10 de tomate, ou 12 de aipo, etc.
- Reduzindo apenas o consumo ocidental de carne em 10%, poder-se-iam alimentar mais 100 milhões de pessoas.
- As culturas de forragens são as principais beneficiárias das pulverizações químicas.
Tinha razão Albert Einstein: “O maior progresso que a humanidade pode realizar para assegurar o seu próprio futuro consiste na adopção do regime vegetariano”.
Em França, depois dum forte aumento durante os últimos 50 anos, o consumo de carne e lacticínios por habitante continua a aumentar. No mundo, o consumo de carne passou de 27 Kg por habitante e por ano em 1990, para 38 Kg em 2005. Mesmo com população constante, esta tendência induz, só por si, a necessidade suplementar de culturas forrageiras cobrindo milhões de hectares.
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À medida que o nível de vida aumenta, cresce o consumo de produtos de origem animal, como a carne e os lacticínios, em detrimento dos produtos vegetais. Em numerosos países emergentes, os comportamentos alimentares ocidentalizaram-se fortemente nas últimas décadas.
Por exemplo, na China, onde cerca de 300 milhões de pessoas vivem hoje segundo o nosso modo de vida, a quota de proteínas animais no consumo total de proteínas alimentares passou de 12% (1969-1971) a 39% (2001-2003). Em França, esta quota é de 65% (2001-2003).
O consumo regular de carne é visto há muito tempo como um símbolo de riqueza. E a carne é um produto de luxo. Um luxo económico. Um luxo ecológico. Em períodos difíceis, é o primeiro alimento a tornar-se raro. Torna-se um privilégio dos ricos. Foi assim nos anos 30, depois da depressão de 1929, e depois durante a 2ª Guerra Mundial. Não admira que, na euforia do pós-guerra e dos 30 anos gloriosos, o simbolismo de “comer carne todos os dias” tenha tomado tanta importância.
As criações em estábulo e as subvenções agrícolas permitiram criar a ilusão da “carne barata”. Mas se os animais tivessem sido criados em boas condições, e se a produção da sua alimentação não tivesse sido subsidiada, os preços da carne seriam bem outros. Donde vem o dinheiro das subvenções? Dos impostos!
Os camponeses que há 50 anos criavam o seu próprio gado não precisavam de conhecer os números que se seguem, para saber que comer carne todos os dias era um luxo. Vendo a quantidade de alimento que era preciso dar a um frango durante seis meses, para o ver ser comido por 4 pessoas numa refeição, eles sabiam muito bem que, para alimentar a sua família, era melhor comer pão do que engordar frangos. E tratando-se dum porco ou duma vaca…
- A carne fornecida por uma vaca representa 1.500 refeições. Os cereais que ela comeu representariam 18.000.
- 40% das colheitas alimentares mundiais destinam-se à alimentação do gado. 70% da superfície cultivada nos países desenvolvidos destina-se à alimentação animal.
- Num hectare utilizado para produzir 50 Kg de carne bovina, poderiam ser produzidas 4 toneladas de maçãs, 8 de batatas, 10 de tomate, ou 12 de aipo, etc.
- Reduzindo apenas o consumo ocidental de carne em 10%, poder-se-iam alimentar mais 100 milhões de pessoas.
- As culturas de forragens são as principais beneficiárias das pulverizações químicas.
Tinha razão Albert Einstein: “O maior progresso que a humanidade pode realizar para assegurar o seu próprio futuro consiste na adopção do regime vegetariano”.
Em França, depois dum forte aumento durante os últimos 50 anos, o consumo de carne e lacticínios por habitante continua a aumentar. No mundo, o consumo de carne passou de 27 Kg por habitante e por ano em 1990, para 38 Kg em 2005. Mesmo com população constante, esta tendência induz, só por si, a necessidade suplementar de culturas forrageiras cobrindo milhões de hectares.
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terça-feira, 1 de junho de 2010
Hora do folhetim - 26
(...)
7
As tarambolas-douradas e o maçaricão-esquimó ficaram duas semanas no Orinoco e depressa voltaram a engordar. Milhares de outras narcejas povoavam a vasta pradaria, tarambolas que também tinham feito a longa viagem sobre o oceano, e ainda uma dúzia de outras espécies que tinham voado sobre terra, através das planícies da América do Norte e do istmo do Panamá. Aqui encontravam-se de novo, nos Llanos da Venezuela. Também havia esplêndidas aves dos trópicos, que nidificavam nesta altura e alimentavam zelosamente os filhos. Os ninhos das garças-brancas cobriam largas superfícies dos pântanos, junto ao rio, e as garças eram tantas que se empurravam umas às outras. A íbis vermelha, jóia das aves tropicais, voava em bandos ao longo das margens do rio, procurando alimento. De início, quando as íbis se aproximavam, pareciam sombras cinzentas; ao passarem perto, inflamava-se-lhes a plumagem vermelha; quando se afastavam, a cor desvanecia-se novamente.
Havia comida em abundância e muitas das narcejas árcticas deixavam-se ficar por aqui. Mas o maçaricão e as tarambolas, após duas semanas em que comeram e acumularam gordura, voltaram a sentir o velho impulso que as empurrava para sul. As outras tarambolas já tinham partido. Tal como no Lavrador, o bando do maçaricão foi o último a largar.
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As tarambolas-douradas e o maçaricão-esquimó ficaram duas semanas no Orinoco e depressa voltaram a engordar. Milhares de outras narcejas povoavam a vasta pradaria, tarambolas que também tinham feito a longa viagem sobre o oceano, e ainda uma dúzia de outras espécies que tinham voado sobre terra, através das planícies da América do Norte e do istmo do Panamá. Aqui encontravam-se de novo, nos Llanos da Venezuela. Também havia esplêndidas aves dos trópicos, que nidificavam nesta altura e alimentavam zelosamente os filhos. Os ninhos das garças-brancas cobriam largas superfícies dos pântanos, junto ao rio, e as garças eram tantas que se empurravam umas às outras. A íbis vermelha, jóia das aves tropicais, voava em bandos ao longo das margens do rio, procurando alimento. De início, quando as íbis se aproximavam, pareciam sombras cinzentas; ao passarem perto, inflamava-se-lhes a plumagem vermelha; quando se afastavam, a cor desvanecia-se novamente.
Havia comida em abundância e muitas das narcejas árcticas deixavam-se ficar por aqui. Mas o maçaricão e as tarambolas, após duas semanas em que comeram e acumularam gordura, voltaram a sentir o velho impulso que as empurrava para sul. As outras tarambolas já tinham partido. Tal como no Lavrador, o bando do maçaricão foi o último a largar.
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Um mundo feito à mão-15
Planeta-Mãe - 16
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ÊXODO RURAL MUNDIAL
Em França, o êxodo rural tornou-se uma tendência de fundo no início dos anos 50. Esta revolução social, inerente à construção duma sociedade industrial decidida com o plano Marshall de 1948, levou milhões de franceses a deixar as suas terras e a procurar as cidades industriais.
Este êxodo constituiu uma verdadeira subversão nos fundamentos da nossa sociedade e seus modos de vida. Em 1937 mais de 50% da população francesa vivia ainda no campo. A agricultura era então, de longe, a principal actividade do país. A maioria da população vivia no campo, não se contentando em habitá-lo. A maior parte dos habitantes, mesmo se não eram agricultores de profissão, cultivavam pelo menos uma horta. Satisfazer por si mesmo as necessidades alimentares era então uma actividade prioritária para numerosas famílias.
Nos dias de hoje, a actividade agrícola não ocupa mais do que 3% da população francesa, e é desta parte incrivelmente restrita de trabalhadores que depende a satisfação das necessidades alimentares de toda a população. Esta situação não tem precedentes na história da Humanidade. Nunca o número de pessoas que abdicaram da responsabilidade da sua sobrevivência alimentar foi tão grande, e o número de pessoas encarregadas de assumir essa responsabilidade foi tão pequeno.
Do mesmo modo, o imperialismo económico dos países ocidentais sobre aqueles “em vias de desenvolvimento” provoca a mesma revolução à escala planetária. Todos os anos milhões de pessoas abandonam a sua terra, para encher as filas da miséria urbana nos mega-bidonvilles das novas mega-cidades.
Desde 2007, pela primeira vez na história da humanidade, mais de metade da população mundial vive em cidades.
Diminui cada vez mais o número de pessoas que satisfazem por si mesmo as suas necessidades alimentares. E o êxodo rural contribui assim para o aumento da procura alimentar nos mercados mundiais. Esta tendência para o êxodo deverá prosseguir, até atingir 75% de citadinos.
Nos países em que este êxodo não se faz para bidonvilles, mas para o “melhor” do modelo social ocidental, o impacto sobre o mercado alimentar é ainda mais marcante. Com efeito, o regime alimentar destas populações muda ao mesmo tempo que o seu modo de vida.
ÊXODO RURAL MUNDIAL
Em França, o êxodo rural tornou-se uma tendência de fundo no início dos anos 50. Esta revolução social, inerente à construção duma sociedade industrial decidida com o plano Marshall de 1948, levou milhões de franceses a deixar as suas terras e a procurar as cidades industriais.
Este êxodo constituiu uma verdadeira subversão nos fundamentos da nossa sociedade e seus modos de vida. Em 1937 mais de 50% da população francesa vivia ainda no campo. A agricultura era então, de longe, a principal actividade do país. A maioria da população vivia no campo, não se contentando em habitá-lo. A maior parte dos habitantes, mesmo se não eram agricultores de profissão, cultivavam pelo menos uma horta. Satisfazer por si mesmo as necessidades alimentares era então uma actividade prioritária para numerosas famílias.
Nos dias de hoje, a actividade agrícola não ocupa mais do que 3% da população francesa, e é desta parte incrivelmente restrita de trabalhadores que depende a satisfação das necessidades alimentares de toda a população. Esta situação não tem precedentes na história da Humanidade. Nunca o número de pessoas que abdicaram da responsabilidade da sua sobrevivência alimentar foi tão grande, e o número de pessoas encarregadas de assumir essa responsabilidade foi tão pequeno.
Do mesmo modo, o imperialismo económico dos países ocidentais sobre aqueles “em vias de desenvolvimento” provoca a mesma revolução à escala planetária. Todos os anos milhões de pessoas abandonam a sua terra, para encher as filas da miséria urbana nos mega-bidonvilles das novas mega-cidades.
Desde 2007, pela primeira vez na história da humanidade, mais de metade da população mundial vive em cidades.
Diminui cada vez mais o número de pessoas que satisfazem por si mesmo as suas necessidades alimentares. E o êxodo rural contribui assim para o aumento da procura alimentar nos mercados mundiais. Esta tendência para o êxodo deverá prosseguir, até atingir 75% de citadinos.
Nos países em que este êxodo não se faz para bidonvilles, mas para o “melhor” do modelo social ocidental, o impacto sobre o mercado alimentar é ainda mais marcante. Com efeito, o regime alimentar destas populações muda ao mesmo tempo que o seu modo de vida.
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