A MUDANÇA DOS COMPORTAMENTOS ALIMENTARES
À medida que o nível de vida aumenta, cresce o consumo de produtos de origem animal, como a carne e os lacticínios, em detrimento dos produtos vegetais. Em numerosos países emergentes, os comportamentos alimentares ocidentalizaram-se fortemente nas últimas décadas.
Por exemplo, na China, onde cerca de 300 milhões de pessoas vivem hoje segundo o nosso modo de vida, a quota de proteínas animais no consumo total de proteínas alimentares passou de 12% (1969-1971) a 39% (2001-2003). Em França, esta quota é de 65% (2001-2003).
O consumo regular de carne é visto há muito tempo como um símbolo de riqueza. E a carne é um produto de luxo. Um luxo económico. Um luxo ecológico. Em períodos difíceis, é o primeiro alimento a tornar-se raro. Torna-se um privilégio dos ricos. Foi assim nos anos 30, depois da depressão de 1929, e depois durante a 2ª Guerra Mundial. Não admira que, na euforia do pós-guerra e dos 30 anos gloriosos, o simbolismo de “comer carne todos os dias” tenha tomado tanta importância.
As criações em estábulo e as subvenções agrícolas permitiram criar a ilusão da “carne barata”. Mas se os animais tivessem sido criados em boas condições, e se a produção da sua alimentação não tivesse sido subsidiada, os preços da carne seriam bem outros. Donde vem o dinheiro das subvenções? Dos impostos!
Os camponeses que há 50 anos criavam o seu próprio gado não precisavam de conhecer os números que se seguem, para saber que comer carne todos os dias era um luxo. Vendo a quantidade de alimento que era preciso dar a um frango durante seis meses, para o ver ser comido por 4 pessoas numa refeição, eles sabiam muito bem que, para alimentar a sua família, era melhor comer pão do que engordar frangos. E tratando-se dum porco ou duma vaca…
- A carne fornecida por uma vaca representa 1.500 refeições. Os cereais que ela comeu representariam 18.000.
- 40% das colheitas alimentares mundiais destinam-se à alimentação do gado. 70% da superfície cultivada nos países desenvolvidos destina-se à alimentação animal.
- Num hectare utilizado para produzir 50 Kg de carne bovina, poderiam ser produzidas 4 toneladas de maçãs, 8 de batatas, 10 de tomate, ou 12 de aipo, etc.
- Reduzindo apenas o consumo ocidental de carne em 10%, poder-se-iam alimentar mais 100 milhões de pessoas.
- As culturas de forragens são as principais beneficiárias das pulverizações químicas.
Tinha razão Albert Einstein: “O maior progresso que a humanidade pode realizar para assegurar o seu próprio futuro consiste na adopção do regime vegetariano”.
Em França, depois dum forte aumento durante os últimos 50 anos, o consumo de carne e lacticínios por habitante continua a aumentar. No mundo, o consumo de carne passou de 27 Kg por habitante e por ano em 1990, para 38 Kg em 2005. Mesmo com população constante, esta tendência induz, só por si, a necessidade suplementar de culturas forrageiras cobrindo milhões de hectares.
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