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ÊXODO RURAL MUNDIAL
Em França, o êxodo rural tornou-se uma tendência de fundo no início dos anos 50. Esta revolução social, inerente à construção duma sociedade industrial decidida com o plano Marshall de 1948, levou milhões de franceses a deixar as suas terras e a procurar as cidades industriais.
Este êxodo constituiu uma verdadeira subversão nos fundamentos da nossa sociedade e seus modos de vida. Em 1937 mais de 50% da população francesa vivia ainda no campo. A agricultura era então, de longe, a principal actividade do país. A maioria da população vivia no campo, não se contentando em habitá-lo. A maior parte dos habitantes, mesmo se não eram agricultores de profissão, cultivavam pelo menos uma horta. Satisfazer por si mesmo as necessidades alimentares era então uma actividade prioritária para numerosas famílias.
Nos dias de hoje, a actividade agrícola não ocupa mais do que 3% da população francesa, e é desta parte incrivelmente restrita de trabalhadores que depende a satisfação das necessidades alimentares de toda a população. Esta situação não tem precedentes na história da Humanidade. Nunca o número de pessoas que abdicaram da responsabilidade da sua sobrevivência alimentar foi tão grande, e o número de pessoas encarregadas de assumir essa responsabilidade foi tão pequeno.
Do mesmo modo, o imperialismo económico dos países ocidentais sobre aqueles “em vias de desenvolvimento” provoca a mesma revolução à escala planetária. Todos os anos milhões de pessoas abandonam a sua terra, para encher as filas da miséria urbana nos mega-bidonvilles das novas mega-cidades.
Desde 2007, pela primeira vez na história da humanidade, mais de metade da população mundial vive em cidades.
Diminui cada vez mais o número de pessoas que satisfazem por si mesmo as suas necessidades alimentares. E o êxodo rural contribui assim para o aumento da procura alimentar nos mercados mundiais. Esta tendência para o êxodo deverá prosseguir, até atingir 75% de citadinos.
Nos países em que este êxodo não se faz para bidonvilles, mas para o “melhor” do modelo social ocidental, o impacto sobre o mercado alimentar é ainda mais marcante. Com efeito, o regime alimentar destas populações muda ao mesmo tempo que o seu modo de vida.
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