sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Hora do folhetim - 46

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A sua intranquilidade tinha diminuído, agora contentavam-se com a espera. O instinto dizia-lhes que tinham ultrapassado todos os obstáculos. Os últimos cinco mil quilómetros até ao Árctico passavam pelas grandes planícies dos Estados Unidos e do Canadá, onde nem montes nem cordilheiras lhes dificultavam a rota, e onde havia alimento até ao exagero. Em caso de necessidade, poderiam fazer este trajecto até casa numa só semana. Por algum tempo sossegara-lhes o impulso migratório. Na melhor das hipóteses, a tundra só estaria pronta para a nidificação dentro de dois meses. Mas isso não o sabiam os maçaricões. Sabiam apenas que, neste começo da primavera, havia muitos insectos nas pradarias do Texas. E sentiam o desejo de ficar.
Esperaram três semanas, durante as quais avançaram menos de cento e cinquenta quilómetros para o interior. Quase todas as noites ouviam passar lá por cima os bandos das aves mais pequenas. Estas não nidificavam no Árctico, mas em reservas muito mais a sul, onde já era primavera. Quando chegasse o momento, os maçaricões fariam numa só noite o que a estas aves custava três.
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