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DA AUTONOMIA À DEPENDÊNCIA ENERGÉTICA E FINANCEIRA
Os limites das novas práticas agrícolas intensivas foram rapidamente atingidos. O primeiro foi o económico: o sistema caiu na armadilha do seu próprio sucesso. Sujeitos às leis da oferta e da procura, os novos modos de produção agrícola, largamente excedentários no início, fizeram baixar os preços dos produtos alimentares. Os agricultores viram estagnar ou regredir os seus rendimentos, a despeito do aumento das colheitas. Um absurdo agrícola, uma verdade capitalista. Esta situação engendrou a política das quotas, dos pousios (jachères, set-aside), das indemnizações, dos armazenamentos em massa, e depois das reduções de stocks.
Esta queda dos preços caiu mal nos agricultores, fortemente endividados. Os tractores e as outras máquinas modernas custavam uma pequena fortuna. Tinham investido em terrenos, meios de irrigação, construções necessárias à industrialização da sua actividade, etc. Para os apoiar financeiramente, foram-lhes concedidos subsídios importantes. A nossa agricultura tornou-se a actividade mais subvencionada do país.
Os anos 50 e 60 foram os da emancipação da maior parte das colónias, a par da criação da OPEP. Criada em 1966, esta organização decidia em 1973 fixar os preços do petróleo extraído dos seus países. Para nós foi o “choque petrolífero”. Mas para estes países foi o símbolo duma libertação do imperialismo económico ocidental, e o regresso a uma certa soberania nacional. O mal de uns…
A sorte destes países produtores de petróleo não foi apenas o azar dos consumidores ocidentais; os agricultores foram duramente afectados. Os preços de todos os produtos necessários à sua actividade subiram, ao mesmo tempo que os combustíveis utilizados. (…)
Com os métodos de cultura modernos, são necessários entre 5 e 10 kilocalorias de energia/petróleo para produzir 3 kilocalorias de energia alimentar. Quando o valor da caloria alimentar baixa e a caloria/petróleo aumenta, os agricultores acumulam déficits.
Desde há 40 anos, a maior parte dos agricultores vivem mais de subsídios do que da venda dos produtos da sua produção. O primeiro orçamento da Europa serve para financiar a PAC (Política Agrícola Comum). Em 2005, o orçamento da PAC elevava-se a 116,5 biliões de Euros, ou seja, 43% dos créditos da Europa. No período de 2007 a 2013, o orçamento previsto da PAC é de 862,4 biliões de Euros. Este dinheiro vem da contribuição financeira de cada estado membro. E o dinheiro de cada estado membro vem dos impostos que eles retiram da economia.
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