sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Hora do folhetim - 47

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No princípio de Abril, a velha inquietação de novo se apoderou deles. Faziam pequenas deslocações nocturnas, e lentamente iam acompanhando a primavera. Voavam de vez em quando várias horas, antes da pausa da alvorada, por vezes ficavam vários dias no mesmo local. Esperavam até que a primavera avançasse, depois voavam um par de noites até a alcançarem, ultrapassavam-na e esperavam de novo por ela. O sinal de partida era-lhes dado pelas flores dos salgueiros, nas margens dos riachos. Quando estas abriam e inundavam de pólen as suaves brisas da noite, os maçaricões lançavam-se para o ar. Voavam até chegarem a um local onde os rebentos dos salgueiros ainda estivessem fechados, e onde a ervagem da pradaria fosse ainda de cor castanha. Enquanto esperavam, comiam abundantemente, ovos de gafanhotos que os seus bicos sensíveis detectavam no solo húmido. E, quando os rebentos dos salgueiros brotavam em flor, continuavam a avançar para norte.
Em cada semana era maior a urgência, pois a primavera alastrava cada vez mais depressa, pelas vastidões do norte.
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