terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Planeta-Mãe - 36

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É preciso lembrar que um estado não produz riqueza, apenas a taxa. Todo o dinheiro gasto por um estado foi retirado de algum lugar. Se não for sob a forma de impostos e taxas, directas ou indirectas, sobre as empresas ou os particulares, é sob a forma de crédito. Os orçamentos deficitários e as dívidas dos estados são despesas feitas antecipadamente, na esperança de dias melhores, quer dizer impostos melhores. Os déficits e as dívidas públicas são “impostos a haver” que nós deixamos aos nossos filhos, para assegurar o financiamento do nosso modelo económico e social actual. Para quem se sinta aborrecido por esta verdade abrupta, sugiro substituir a palavra “impostos” por “receitas fiscais”. É o termo utilizado nos discursos politicamente correctos, quer dizer “eleitoralmente aceitáveis”.
Assim, com os nossos impostos, nós financiamos a produção maciça de alimentos quimicamente poluídos; financiamos a poluição dos solos e dos lençóis freáticos; financiamos modos de produção que poucos de nós caucionam. Porque é mesmo o dinheiro dos contribuintes que permite aos agricultores pagar as exorbitantes facturas das sementes híbridas, dos adubos e dos produtos químicos. Os lucros das firmas agro-químicas decorrem em parte destes dinheiros públicos, não desempenhando os agricultores senão um papel intermediário na sua circulação.
Como todos os países que adoptaram estes métodos agrícolas intensivos, os americanos dispõem destes subsídios agrícolas. Sem este importante suporte financeiro dos estados aos agricultores, as multinacionais da agro-química não se teriam tornado as potências económicas que hoje são. Enquanto consumidor e contribuinte em simultâneo, como não se sentir na pele dum carneiro que se deixa tosquiar pacificamente?
Em França, a agricultura biológica representa menos de 8% das superfícies cultivadas. As subvenções que lhe são destinadas são nitidamente inferiores a 8% dos orçamentos. Esta agricultura não só não é encorajada, mas também é penalizada em relação ao modelo intensivo. Sabendo que estas técnicas necessitam de mais mão-de-obra, e que é preciso pagar os controles e certificações, quem irá admirar-se dos preços dos produtos bio?
Sem o apoio dos subsídios, os métodos agrícolas “modernos” já teriam falhado há muito tempo em todo o mundo. Há 40 anos que teriam sido postos em causa, pela simples razão de que não são rentáveis. (…)

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